Roberto Elias Salomão,o Salomão, como era conhecido pela militância de esquerda, faleceu nessa terça-feira, dia 28, aos 72 anos, em Curitiba. Militante histórico do Partido dos Trabalhadores (PT), jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da USP veio para capita do Paraná em 1978 e chegou a presidir o PT em nível estadual e local. Salomão deixa duas filhas e um neto. O velório será realizado nesta quarta-feira, 29, a partir das 10h, na Capela Vaticano, na Rua Des. Hugo Simas, 26.
Nascido em São Paulo,em 1953, veio para Curitiba com a missão de organizar Libelu, ou Liberdade e Luta, uma tendência do movimento estuantil dos anos 70, ligada ao trotskismo, e ao jornal O Trabalho, que era editado, à época, pela Organização Socialista Internacionalista (OSI). E, se firmou, é assim que lembram os amigos, como um militante raro, já que era conhecido pelas brilhantes análises de conjuntura em reuniões do Partido e firme atuação política. Como jornalista e escritor escreveu o livro “Anos heróicos”, que conta a história do PT no Paraná, destacando a conjuntura dos anos 80 e 90.
Nesta semana, amigos e familiares se revezaram em visitas a ele na UTI do Hospital Nossa Senhora do Pilar. O publicitário Cescato, em um texto, que circulou nas redes, relatou com muito carinho sobre o encontro com o velho amigo acompanhado do vereador e atual presidente do PT Curitiba, Angelo Vanhoni: “Salomão se interessava por coisas menores. Apreciava a delicadeza de um haikai. Sabia e era capaz de dizer poemas da literatura brasileira, lia e lera vários clássicos além e aquém dos clássicos políticos (Vladimir, Carlos, Léon) e, acima de tudo, amava histórias em quadrinho. Era parceiro para qualquer tipo de conversa, e mesmo considerando o peso da estrutura econômica sobre a superestrutura cultural, não nos chateava com discursos monocórdicos. Conhecia os Beatles, deixava rolar.”
E continua Cescato: “É isso: Salomão deixava a vida rolar. Não colocava diploma nem distintivo na sua insígnia idealista; bastava, para ele, lutar pelo que acreditava com tanta verdade e paixão. A vida não é generosa com quem ousa pensar e viver assim. Mas Salomão, talvez até por falta de talento, preferiu sempre o copy-writer ao ícone literário. Satisfazia-lhe saber que estava fazendo a sua parte, mesmo que às custas da segurança pecuniária.”
Ao anunciar, via áudio pelo whatsapp, o falecimento para os companheiros do PT, Vanhoni, disse: “Aos companheiros quero comunicar que agora a pouco faleceu nosso querido amigo, nosso querido companheiro que dedicou sua vida para tudo aquilo que a gente pensa e sonha para um país e uma vida diferente, o Roberto Elias Salomão”, disse.
Em nota o PT de Curitiba destacou: “Hoje todo mundo perde um pouco, a família, os amigos, a política, o PT, todos e todas nós perdemos. Salomão leva consigo um pouco de nós e nos deixa um tanto de si em cada um e cada uma. (…)Salomão, nosso verdadeiro companheiro, resistiu até o fim de sua vida. Será eternizado em nossas memórias e em nossa luta cotidiana.”