O Bem Viver é um conceito inspirado no pensamento ancestral dos povos Quíchua e Aimará. A ideia representa uma vida plena, coletiva e em harmonia com a natureza, e está associada à luta dos povos indígenas pela terra e pelo respeito às suas tradições.
Instituído nas constituições do Equador e da Bolívia, influenciou projetos políticos de um “socialismo do Bem Viver” e chegou ao Brasil, sendo adotado por movimentos como a Marcha das Mulheres Negras, a Marcha das Margaridas e a Conferência Nacional de Juventude.
Inspirados por essa construção, desde 2020 estamos articulando o Movimento Bem Viver em Belo Horizonte e região, promovendo estudos e ações como a Aliança Campo-Cidade Contra a Fome e o Mapa de Iniciativas de Mulheres sobre o Bem Viver na região metropolitana.
A partir desse movimento, em 2024, lancei minha candidatura para o cargo de vereadora pelo PT. Durante a campanha, realizamos um processo de construção coletiva de propostas que tiveram o Bem Viver como orientação e horizonte. Promovemos plenárias abertas com coletivos, movimentos, apoiadoras e especialistas. Em 2025 teve início o Mandato do Bem Viver na Câmara Municipal.
Mandato do Bem Viver
Mas, afinal, como pretendemos construir um mandato do Bem Viver em BH?
Acreditamos que a cidade do Bem Viver é um território de vida digna para todas as pessoas. Isso passa pelos direitos de se alimentar de forma saudável a preços justos; de trabalhar com propósito; de cuidar e ser cuidada; de circular e acessar os serviços e as oportunidades; de estar em contato com a natureza, com respeito à biodiversidade; e de ter voz ativa para participar das decisões sobre os rumos da cidade.
BH já foi referência em uma série de políticas que caminharam nesse sentido – em sua maioria, construídas pelos governos do PT. Porém, nos últimos anos, vimos que a cidade se desencontrou desse caminho.
Por isso, levantamos bandeiras e nos dedicamos a construir propostas que se inspiram nessa tradição do partido, ao mesmo tempo em que avançam em direção a uma compreensão integrada de cidade, harmoniosa com a natureza e que promove a vida em plenitude.
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Falamos de restaurantes populares e feiras livres de agroecologia, de proteção dos rios e córregos e do cuidado com os parques e áreas de esporte e lazer. Falamos também dos equipamentos e serviços de cuidados com crianças, idosos, pessoas com deficiência e também do cuidado com quem cuida. Ainda trazemos a valorização do transporte coletivo e da integração dos modais, como ônibus, metrô, bicicleta e o andar a pé. E defendemos o direito à cultura e a valorização da economia da cultura.
Tudo isso, sob a orientação da participação popular e da redução das injustiças sociais. Logo daremos início à elaboração da cartografia do Bem Viver, uma forma de conhecer e integrar iniciativas já existentes na cidade que levam a esse movimento.
Assim, na vereança, além de atuar no parlamento e fiscalizar a prefeitura, estaremos juntas das organizações e coletivos que praticam o Bem Viver em BH. Valorizando suas práticas, apoiando o acesso à institucionalidade e conectando iniciativas, ou seja, criando uma rede do Bem Viver.
O mandato conquistado é mais um passo para viabilizar um projeto de cidade e de sociedade baseado na prosperidade comum, coletividade e harmonia.
Contamos com todas e todos nessa empreitada!
Luiza Dulci é vereadora em Belo Horizonte pelo Partido dos Trabalhadores (PT), economista e doutora em sociologia. Constrói o Movimento Bem Viver MG e integra a rede de jovens economistas "Desajuste – Economia Fora da Curva".
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Leia outros artigos de Luiza Dulci em sua coluna no Brasil de Fato MG
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Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal